Meninas, conforme prometido, segue o Plano de Parto que elaborei para a chegada do João. Antes de qualquer coisa, preciso dizer que, quando recebi o modelo, não tinha a menor ideia do que era enema, casa de parto, ocitocina, tricotomia, episiotomia. Para falar a verdade, demorei umas 2 semanas para aprender a falar episiotomia sem gaguejar. O que quero dizer é: não entrem em pânico, dá tempo de aprender 😉
O modelo foi bacana porque era bem abrangente e permitiu que eu pudesse estudar sobre tuuuuudo e decidir o que era ou não relevante para mim. Eu o alterei umas 5.600 vezes, seja porque fiquei mais sabida, seja porque simplesmente mudei de ideia. Mesmo assim, como vocês verão, muita coisa mudou na hora do “vamos-ver”. Estou postando uma versão editada, que compara o que eu queria com o que de fato aconteceu (o que está entre parênteses escrevi depois).
Espero que sirva de inspiração. Foi uma história de final feliz, da qual tenho muito orgulho e o maior carinho. É o que desejo para cada uma de vocês…
Qualquer dúvida, mandem-me no e-mail ou nos comentários!!!
Bjs, bjs!
PLANO DE PARTO – GABRIELLA SALLIT
Bebê: João Sallit Pimenta da Rocha
Marido: Alexandre Pimenta da Rocha
Obstetra: Dr. Geraldo Diniz (Só visitou)
Enfermeira Obstetra: Karine Brugger (Auxiliada por Adrinês Cançado)
Doula: Pollyana do Amaral Ferreira (Substituída por Helena Villas-Boas)
Data provável do parto (DPP): 03/12/11 (Data do parto: 11/12/11 #datalinda)
Premissas:
– Entendo o parto como um processo fisiológico, que deve apenas ser assistido pelos profissionais de saúde, caso não haja nenhuma complicação; (Foi exatamente o que aconteceu. Só tive intervenção médica quando pedi anestesia e quando tive que fazer uma curetagem para retirar a placenta (tive acretismo placentário) e, depois, para conter uma hemorragia.)
– O parto normal é importantíssimo para mim, por isso, estou me preparando com estudo e exercícios físicos. Pretendo esperar por ele até 42 semanas, caso não aja indicação médica contrária; (Pela DPP, o João nasceu com 40 semanas e 6 dias.)
– Suporto melhor a dor quando estou sozinha. Quero apoio e segurança, mas, se não quiser companhia ou conversa, gostaria que ninguém as forçasse, ou interpretasse como rejeição. (Fiquei super carente, só aguentei o trabalho de parto (TP) porque tive a companhia e o carinho da Enfermeira Obstetra e da Doula.)
– A partir da 38ª semana, adotarei condutas não farmacológicas de estímulo ao trabalho de parto (acupuntura, reflexologia, chás etc) (Fui ao Hospital Sofia Feldman receber escalda-pés e ventosas, tomei homeopatia e chás, fiz drenagem linfática e exercícios – mas demorei a querer que o João nascesse.)
– Prefiro uma laceração de 1º grau a uma episiotomia, e prefiro um fórceps ou vácuo a uma cesárea; (Só tive uma pequena laceração nos lábios vaginais, nada no períneo)
– Em caso de necessidade de indução do parto, quero a Doula comigo; (Não precisei)
– Se a posição da criança ou da placenta for desfavorável ao parto normal quero aguardar pelo trabalho de parto ou, na impossibilidade, pelo menos os pródromos.( Não se aplica. O João estava cefálico desde a 32ª semana. O acretismo placentário não é detectável no exame clínico nem no ultrassom e não é impedimento para parto normal.)
Trabalho de parto:
– Assim que eu entrar na fase latente, a EO tentará reservar o quarto da banheira na Casa de Parto; (Foi exatamente o que ocorreu. A EO ligou e o quarto estava nos esperando. Da próxima vez, vou pedir que me esperem com a banheira cheia (!!! #vemsegundinho))
– Quero ficar em casa até a fase ativa, caso não aja indicação inversa da Enfermeira Obstetra;( Fiquei em casa até 7 centímetros de dilatação, acompanhando os batimentos cardíacos do João, tudo com a maior segurança. Não sei se estava na fase ativa, pois não medimos as contrações.)
– A não ser que eu solicite companhia, prefiro ficar sozinha; (Quis companhia o tempo todo!)
– Se a bolsa romper antes das contrações, avisarei a equipe (EO e Doula) para acompanhamento; (A bolsa rompeu durante um toque, quando já estava com 7 cm de dilatação, por volta das 18:00 horas. As meninas estavam na minha casa desde as 06:00 horas.)
– Decidirei na hora quando quero avisar minha família. Não quero causar ansiedade caso tenha um trabalho de parto longo, mas também não quero excluí-los do processo. (Minha mãe e uma prima foram visitar quando cheguei à Casa de Parto (sem a minha autorização – hum!). Minha sogra e minha cunhada chegaram logo depois do João.)
– Quero o celular do Alexandre desligado (silencioso não vale. Desligado mesmo, sem negociação) e o das meninas, se possível, no silencioso; (Deveria tê-lo proibido de levar o celular para casa de parto. Tenho uma foto, ainda na banheira, um segundo depois do João nascer, agradecendo os parabéns do Fulano de Tal, para quem Alexandre já havia mandado mensagem (quem é esse cara na minha vida, meu deus???))
Internação:
– Pretendo me internar na fase ativa, ou seja, com pelo menos 5 cm de dilatação e 3 contrações em 10 minutos. Na verdade, quero ficar em casa o máximo de tempo possível, desde que haja uma margem de segurança para a transferência para a Casa de Parto. Não quero ficar em salas pré-parto, nem tampouco parir no carro; (Fui para a Casa de Parto com 7 cm de dilatação. A transferência foi punk.)
– Tentarei me internar diretamente na Casa de Parto. Caso não haja vagas, pedirei a EO que tente as suítes de parto do Hospital. Neste caso, é ainda mais importante que vá com o TP bem adiantado. (Como já disse, fui para a Casa de Parto.)
– Desde o início do TP, vou caminhar, fazer exercícios, enfim, o que puder para contribuir para seu avanço; (Não fiz muitos exercícios em casa. Fiquei cansada e preguiçosa.)
– Quero a presença do Alexandre, da Doula e da EO, seja na Casa de Parto, seja na Maternidade; (Foi perfeito)
– Quero o menor número possível de pessoas no ambiente; (Ninguém me incomodou.)
– Quero ser chamada pelo meu nome, mesmo pelos profissionais que não conheço. Nada de mamãe ou de mãezinha. Alexandre vai me ajudar; (Foi perfeito. Todos me trataram como se me conhecem de longa data, mesmo a anestesista e o médico que me atendeu na emergência. Recebi um tratamento respeitoso e adulto, mesmo quando estava louca de dor ou semi-inconsciente, por causa da hemorragia.)
– Manterei meu hábito de depilação; (Foi o que fiz, mas não foi importante.)
– Levarei biquíni, caso tenha a chance e resolva entrar na banheira; (Nem lembrei do biquíni. Fiquei sem roupa.)
– Não quero que mantenham acesso a minha veia de rotina (nem soro puro, nem com ocitocina); (Só fiquei com ocitocina depois da anestesia.)
– Quero poder beber e comer. Levarei frutas, castanhas, chocolate, gatorade; Nada parou no meu estomago.( Só comi maracujá o dia todo, mesmo assim, vomitei. Só consegui jantar depois da anestesia.)
– Quero me movimentar buscando meu conforto;( Quis ficar quietinha, mas acho que, se tivesse ficado mais ativa, poderia ter contribuído para a evolução do TP.)
– Usarei o chuveiro e alternativas de alívio da dor (massagem, técnicas de respiração, música – tudo que possa tornar o ambiente acolhedor). Manterei a partir de agora arranjos de flores perfumadas em casa, para levá-los quando formos para a Maternidade; (Nem lembrei da música. Sorte que estava tocando o CD que ouvi durante a gestação, quando ia fazer escalda-pés, que me tranqüilizou e deixou o ambiente acolhedor. Nem me lembrei das flores. As técnicas de respiração e massagem ajudaram muito. Além do alívio, tive a grata surpresa da minha memória passar associar o cheiro do óleo de castanhas que usamos naquele dia ao nascimento do João.)
– Gostaria que o João fosse acompanhado pelo sonar: não quero ficar presa no cardiotoco para não limitar minhas posições, nem criar ansiedade desnecessária. O sonar deve ser usado onde eu estiver: mesmo no chuveiro, ou no jardim;( Nem conheço cardiotoco. Sei lá a cara que ele tem!)
– Não quero exame de toque com freqüência, pois me causará desconforto e ansiedade; Em 24 horas, fiz 5 toques: 3 em casa, 2 no Sofia. (Detestei todos, mas sei que só foram feitos em momentos importantes.)
– Antes de fazer uso de analgésicos, tentarei alternativas para a diminuição da dor.( Estava chovendo em BH há dias. Tanto a minha casa quanto a Casa de Parto têm aquecimento solar, ou seja, sem sol, sem aquecimento. Horas e horas debaixo do chuveiro acabaram com a água quente e ficar sem este instrumento me prejudicou…)
– Se precisar de analgésicos ou calmantes, pedirei. Não me ofereçam. Pretendo conversar com a Doula e a EO para que ponderem comigo sobre a necessidade destes artifícios, já que o Alexandre já declarou que não se sentiria confortável fazendo-o. Ainda que decida por estas intervenções, gostaria que elas fossem usadas com parcimônia, para que eu não perca os movimentos das pernas ou a consciência do que está acontecendo e o poder de decisão; (Quando pedi a anestesia, não quis nem saber de ponderações. O analgésico não me impediu de andar, nem me deixou abobada. Pelo contrário: só depois comecei a caminhar e me exercitar.)
– Quero tentar posições ou movimentos antes de iniciar o uso de ocitocina -n seja qual for a indicação; (Quando me anestesiaram me colocaram imediatamente na ocitocina. Ninguém me consultou, agiram como se fosse um pacote: quer anestesia, ganha ocitocina.)
– Não quero ruptura artificial da bolsa, por mera rotina; (Minha bolsa rompeu num exame de toque.)
– As fotos devem respeitar minha privacidade, dando prioridade aos registros das expressões e emoções, evitando nudez e sangue. Quando o João já estiver conosco, quero muitos registros. (Arrependi-me de não ter tirado mais fotos. As que tenho são lindas, mas poucas.)
– Gostaria que minha decisão de rejeitar algum procedimento seja respeitada. Não quis manobras para retirada da placenta.( Acataram minha decisão, mas, em determinado momento, não dava para esperar mais. A EO tentou retirá-la com tração, mas o cordão rompeu. Fui andando para a Maternidade. Lá, me sedaram, descolaram a placenta manualmente (o médico enfiou a mão dentro do meu útero!!) e depois fizeram uma curetagem.)
Expulsivo:
– Quero ter o João na posição que eu desejar;( João nasceu de cócoras sustentada, dentro da banheira. Algumas vezes fiquei em 4 apoios, ou agachada e apoiada na borda.)
– Não quero que fiquem tocando meu períneo no período expulsivo. Se houver laceração, paciência; (Quem tentou tocar foi reprimido a tapas.)
– Não quero que puxem o bebê, deixem que ele venha no tempo dele. Toquem-no o menos possível, ele deve apenas ser amparado.( Ele só foi amparado, mesmo que, na hora do expulsivo, eu implorasse que o tirassem de qualquer jeito.)
– Quero me concentrar no que está acontecendo e preciso de silêncio para fazê-lo, então, não quero palavras de incentivo, nem conversas. Por favor, não falem comigo durante as contrações;( As conversas tipo “-Calma, o João está chegando” ou “-Olha, é a cabecinha” me deixaram uma fera. Tudo me irritou, até as ervas que estavam na banheira. Num próximo parto, não quero ervas na banheira.)
– Não me mandem fazer força, inclusive, se eu estiver exagerando, lembrem-me de ter suavidade, para evitar a laceração; (Precisei de ajuda, pois não senti puxos nem as contrações.)
– Lembrem-me de tocar a cabeça do BB, quando ele estiver coroando;( Estava muito mal humorada, não quis e me arrependo.)
– Não quero episiotomia – a menos que o bebê esteja em risco e precise nascer logo; Como já disse, não tive episiotomia, nem qualquer laceração no períneo. Só uma pequena, nos lábios.
– Não quero manobras para a saída do bebê – a menos que seja estritamente necessário devido à sua saúde. Nesse caso, quero ser comunicada antes de aplicar a manobra e saber o porquê; (Nada foi necessário. #tksgod)
– Quero ter o meu bebê imediatamente em meu colo após o nascimento. O João me foi entregue imediatamente. (O cordão era curtinho, eu tremia muito, então, afundei meu bebê algumas vezes. Isso apressou minha vontade de cortar logo o cordão.)
– Se a sucção das vias respiratórias for necessária, prefiro que seja feita enquanto o bebê está comigo, com a perinha. (O João não saiu de perto de mim, e não me lembro de qualquer sucção.)
– Quero que o cordão seja cortado apenas quando parar de pulsar. Se o Alexandre estiver presente, deve ser consultado se quer fazê-lo. (Como o cordão era curtinho e eu estava tremendo, toda hora deixava o rosto do João entrar na água. Fiquei com dó e pedi que o cortassem logo. Alexandre cortou. Não sei se ele já tinha parado de pulsar.)
Após o parto:
– Prefiro aguardar expulsão espontânea da placenta com auxílio da amamentação. Não quero massagem, tração ou infusão intravenosa de ocitocina. Caso a placenta não saia sozinha em uma hora, reavaliaremos a conduta;(A placenta não saiu sozinha, graças ao acretismo placentário. Reavaliamos e tive que me submeter à extração manual e à curetagem. Senti-me absolutamente respeitada, o tempo todo.)
– Quero o João comigo o tempo todo, mesmo para avaliação e exames. (Enquanto eu me submetia à curetagem, o João ficou com o pai. No meu próximo parto, vou pensar em ter duas doulas: uma para mim e uma para o bebê. Não queria que a Helena saísse de perto de mim, mas Alexandre se sentiu desamparado sozinho com o João.)
Cuidados com o bebê:
– Quero manter meu filho no colo o tempo que eu quiser após o nascimento; (Foi o que aconteceu e foi lindo.)
– Quero amamentar na primeira hora; (Já nasceu sabendo mamar e começou ainda na banheira.)
– Fiz os exames de Streptococo, Clamídia e Gonorréia e todos são negativos. Estas informações constam no meu cartão de gestante e eu levarei os exames impressos. Não quero que seja administrado nitrato de prata nos olhos do João; (Não recebeu colírio.)
– A vitamina K deve ser aplicada enquanto o bebê estiver mamando; (Nem chorou.)
– Não oferecer água glicosada, fórmulas ou bicos; (Só mamou no peito e ficou comigo o tempo todo, mesmo quando eu estava na Unidade de cuidados intensivos).
-Teremos alojamento conjunto o tempo todo. Caso seja necessária a separação o pai deverá acompanhá-lo o tempo inteiro. É o pai quem vai vesti-lo, pesá-lo e segurá-lo para eventuais exames; (O pai, a avó e a tia fizeram isso. No próximo bebê, acredito que Alexandre vai estar mais preparado.)
– Eu e Alexandre daremos o primeiro banho;( Eu estava muito fraca, mas assisti Alexandre dando o primeiro banho com a EO.)
– Quero que a avaliação pediátrica seja feita no quarto e na presença de um dos pais; (O pai, a avó e a tia fizeram isso.)
– Caso seja necessário algum procedimento de urgência me avisar dos detalhes e porque está sendo feito; (Nada foi necessário.)
Caso a cesárea seja necessária: Não se aplica (Uhhhuuu!!!)
– Caso a indicação seja anterior ao TP, quero ser acompanhada pelo Dr. Geraldo;
– Gostaria que fosse franqueada a presença de meu marido e da Doula.
– Anestesia peridural se possível, sem sedação.
– Não quero minhas mãos presas. Caso não seja possível quero que me soltem para que eu possa segurar meu bebê quando nascer;
– Quero ser consultada de desejo remover o campo para ver o neném nascer;
– Após o nascimento gostaria que colocassem o bebê sobre meu peito imediatamente, sem separação;
.- Gostaria de amamentar já na sala de cirurgia;
Observações:- Se eu não tiver condições de decidir sobre alguma intervenção meu marido está apto a decidir por nós. (Eu mesma decidi sobre o que era relevante, como, por exemplo, tomar transfusão de sangue.)